O ITA tem como objetivo estimular ações conjuntas entre indústria, governos e setor financeiro para
impulsionar demanda e liberar bilhões de dólares em investimentos nos próximos 2-3 anos
O ITA, iniciativa global lançada na COP28 em parceria com a Presidência da COP28 dos Emirados Árabes Unidos, ONU para Mudanças Climáticas e Bloomberg Philanthropies, trabalha diretamente com indústrias, investidores e governos para acelerar os investimentos até 2026.
Mais de 450 projetos de larga escala em seis dos setores mais poluentes buscam investimentos para começar a produzir commodities verdes até 2030.
Globalmente, a insuficiência de demanda por produtos de baixo carbono foi identificada como a principal barreira para os investimentos.
Empresas e financiadores precisam de garantias de mercado, fornecidas por políticas que estimulem a demanda por produtos verdes e acordos de compra voluntária, para tomar decisões substanciais de investimento.
Indústrias pesadas, responsáveis por aproximadamente 30% das emissões de carbono ao redor do mundo, estão prontas para implementar projetos industriais verdes em larga escala antes de 2030, mas estão sendo impedidas pela falta de demanda por produtos de baixo carbono. É o que aponta uma nova análise do Acelerador de Transição Industrial (ITA).
A iniciativa global, que busca acelerar a entrega de soluções verdes para indústrias pesadas, destacou que o atual pipeline de projetos globais exigirá cerca de US$ 700 bilhões em investimentos para iniciar a produção de commodities verdes. Para tirar esses projetos do papel e colocá-los em construção e produção, os desenvolvedores de projetos precisam de compromissos firmes de compradores para garantir o financiamento necessário.
A iniciativa global lançada na COP28, em parceria entre a Presidência da COP28 dos Emirados Árabes Unidos, ONU para Mudanças Climáticas e Bloomberg Philanthropies, já está ativa no Brasil e nos Emirados Árabes Unidos com suporte direcionado aos desenvolvedores de projetos para explorar e acelerar investimentos críticos nesses países e potencialmente em outras regiões do Oriente Médio e Norte da África (MENA). Hoje, as indústrias pesadas de alumínio, cimento, produtos químicos, aço, aviação e navegação contribuem com aproximadamente 30% de todas as emissões globais de CO2. Desbloquear o pipeline global de projetos industriais verdes não só reduzirá drasticamente as emissões globais, mas também contribuirá significativamente para as agendas nacionais de crescimento verde. Somente no Brasil e na região MENA, isso pode estimular mais de US$93 bilhões em investimentos.
Para manter o ritmo com as metas climáticas alinhadas ao Acordo de Paris, é essencial que uma massa crítica de projetos em larga escala, com potencial para impulsionar uma redução profunda nas emissões, atinja a Decisão Final de Investimento (FID, na sigla em inglês) nos próximos 2 a 3 anos e esteja operacional até 2030. A análise da Mission Possible Partnership (MPP) para o ITA, por meio de seu Global Project Tracker, identificou 473 plantas industriais alinhadas com a meta de zero emissões líquidas. Se essas plantas atingirem a FID e forem combinadas com as que já estão em operação ou na FID, elas poderiam alcançar, coletivamente, cerca de 80% da meta de 2030.
“O Acelerador de Transição Industrial (ITA) nos ajudará a avançar mais rápido na luta contra as mudanças climáticas, aumentando a demanda por projetos de baixo carbono, reduzindo a burocracia e garantindo que projetos de energia limpa em todo o mundo estejam operacionais o mais rápido possível”, disse Michael R. Bloomberg, Enviado Especial do Secretário-Geral da ONU para Ambição Climática e Soluções, Fundador da Bloomberg L.P. e Bloomberg Philanthropies e Copresidente do ITA. “Quanto mais rápido agirmos, mais podemos crescer a economia global e salvar vidas.”
“Uma ação transformadora urgente é essencial para acelerar o investimento na descarbonização industrial e cumprir as metas do Acordo de Paris”, disse Simon Stiell, Secretário Executivo da ONU para Mudanças Climáticas. “Ao alinhar nossos esforços e investir em soluções inovadoras, podemos garantir a redução das emissões até 2030 e, ao mesmo tempo, criaremos novas oportunidades econômicas e empregos.”
“O histórico Consenso dos Emirados Árabes Unidos, anunciado na COP28, é o acordo mais abrangente e equilibrado que marca uma nova era na ação climática”, disse o Dr. Sultan Al Jaber, Ministro da Indústria e Tecnologia Avançada dos Emirados Árabes Unidos, Presidente da COP28 e Copresidente do ITA.
“Uma das realidades conhecidas é a necessidade urgente de descarbonizar o sistema energético atual, enquanto construímos o sistema energético do amanhã. É por isso que lançamos o ITA para impulsionar a descarbonização em seis setores que juntos representam mais de 30% das emissões globais de CO2. Precisamos de trilhões de dólares e de uma variedade de soluções para descarbonizar essas indústrias, mas financiamento e inovação não são suficientes. Políticas governamentais progressistas são essenciais para implantar soluções na escala e ritmo necessários. Agora é o momento para todas as partes interessadas aproveitarem as oportunidades socioeconômicas da industrialização verde, arregaçaram as mangas e entregarem resultados durante esta década crítica de ação.”
Barreiras ao investimento
Na ausência de compromissos firmes de compra do mercado para produtos de baixo carbono, como aço verde e combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês), as políticas de apoio existentes para incentivar a compra de produtos verdes são insuficientes para tornar os projetos propostos viáveis financeiramente e desbloquear o financiamento necessário.
“Precisamos incorporar estruturalmente a demanda em escala global para aproveitar a oportunidade à nossa frente hoje”, disse Faustine Delasalle, Diretora Executiva da Secretaria do ITA e CEO da Mission Possible Partnership. “A falta de demanda clara e sustentada por produtos de baixo carbono é a maior barreira para o investimento. Empresas e financiadores não podem se comprometer com esses projetos sem a certeza do mercado. Ao impulsionar a adoção de políticas que estimulem a demanda verde, como mandatos, padrões de emissões incorporadas de carbono e precificação de carbono, podemos criar as condições para uma onda de investimentos.”
Por meio de diálogos com a indústria e o setor financeiro, o ITA identificou três requisitos críticos para acelerar a demanda: políticas eficazes, padrões claros de produtos e mecanismos para facilitar a compra de produtos. A iniciativa lançará um conjunto de ferramentas conectadas a cada um deles, que descrevem passos práticos para ajudar governos e empresas a aumentar a demanda:
1. The Policy Playbook: para ajudar a abordar a necessidade de intervenções políticas mais claras dos governos, por meio de regulamentações/mandatos, para reduzir o prêmio verde e impulsionar a compra de produtos de baixo carbono.
2. The Standards Map: a ser publicado este mês, fornecerá uma visão geral e avaliação das metodologias internacionais de contabilização de emissões existentes e das definições de produtos de baixas emissões, para ajudar a determinar os padrões adequados e incentivar sua adoção por governos e compradores individuais.
3. The Green Purchase Toolkit: reúne ferramentas e instrumentos que facilitam e reduzem os riscos na compra de produtos verdes pelos compradores, como plataformas de compradores, intermediários de mercado e mecanismos inovadores de seguro.
Reconhecendo a importância da cooperação entre governo, indústria e finanças, o ITA está trabalhando de perto com todas as partes interessadas para incentivar os marcos corretos que melhorem as condições de investimento.
Para auxiliar no amadurecimento do pipeline de projetos em nível regional, o ITA está atuando ativamente nas Economias Emergentes e em Desenvolvimento (EMDEs, na sigla em inglês), para fornecer suporte prático e personalizado de implementação. O ITA está fazendo parcerias com desenvolvedores de projetos para identificar e superar suas barreiras ao investimento, por exemplo, ajudando a estimular a demanda por produtos verdes, abordando as necessidades políticas e regulatórias em nível regional, enquanto constrói cadeias de valor de baixas emissões e identifica mecanismos para mitigar riscos de investimento regional.
Após o anúncio do Brasil como o primeiro país parceiro do ITA, em julho, foi identificado um pipeline de mais de 15 projetos de descarbonização profunda, com um potencial de investimento total de US$ 33 bilhões. O pipeline consiste principalmente de novos ativos greenfield, que podem permitir ao Brasil expandir sua capacidade industrial, ao mesmo tempo em que evita mais de 33 milhões de toneladas de emissões de CO2e por ano. Com uma base industrial significativa, abundância de recursos naturais e acesso a energia renovável de baixo custo, o Brasil está bem posicionado para se tornar uma potência global na produção de bens industriais verdes.
“Os planos do Brasil demonstram como a transição para uma economia de baixo carbono pode impulsionar significativamente o crescimento. Para concretizar totalmente esses ganhos e desbloquear o investimento na produção industrial de baixo carbono, precisamos construir uma demanda em larga escala e credível para a produção verde”, disse Mark Carney. “Para aproveitar o potencial da descarbonização industrial globalmente, os governos devem desenvolver políticas focadas na demanda que forneçam ao setor privado a certeza necessária para realizar investimentos de longo prazo.”
O ITA identificou a região MENA como sua segunda área de foco, com enorme potencial e um pipeline crescente de pelo menos 25 projetos, com um potencial de investimento total de US$ 60 bilhões, além de condições favoráveis para o desenvolvimento de atividades industriais baseadas em energia renovável de baixo custo. O setor industrial contribui com 40% para o PIB da região MENA, superando a média global de 26%, e é responsável por 10% das emissões de CO2.
Fonte: revistaempreende